domingo, 20 de fevereiro de 2011
Chile 2011 - parte 2
Em algum lugar do Pacífico
Após alguns dias em Pichilemu surfando em ondas pesadas, nosso grupo se direcionou para uma praia a 2 horas de carro no sentido sul, local que eu já havia conhecido em 2008.
Fabian Farias, o Conejo, amigo e dono da pousada que estávamos em Pichilemu, aceitou nos levar no tal lugar com seu carro. O carro de Conejo de 1992 era muito pequeno e um pouco judiado, mas mesmo assim não nos deixou na mão, pelo menos na ida. Compras no mercado, troca de dinheiro e pranchas no reck, era hora de partir.
Dirigimos cerca de 100 quilômetros até chegar em uma fazenda por onde passaríamos com o carro para chegar em um camping isolado, de frente para a onda.
A estrada estava horrível, o caminho muito esburacado com curvas fechadas e descidas íngremes, sem falar da areia grossa perto da praia, somente um carro com tração nas 4 rodas como o de Conejo passava por tais trechos.
Na praia, apenas um camping e nada mais, somente toda a natureza que existe no local e as ondas. Armamos as barracas e logo fomos para água. O mar estava quase sempre pequeno com meio metro em média, mas apresentando uma condição perfeita e alinhada, o que no Brasil chamaríamos de uma merreca clássica. Para nossa infelicidade a água estava ainda mais gelada do que em Punta del Lobos, mas por sorte pegamos bastante dias com sol, o que nos animava para entrar no mar.
Tudo no camping estava igualzinho desde que conheci o local, exceto uma coisa, o local de acampamento. Devido ao tsunami que ocorreu no ano verão passado, agora as barracas só podiam ser instaladas atrás da pequena casa de Matias, o gerente do camping. Sem confiança para ficar perto do mar optamos por um lugar um pouco alto demais, que só demos conta que era muito alto quando nossas panturrilhas eram castigadas pela areia fofa e quente do caminho até nossa barraca.
Nossas energias eram repostas quase sempre por pães ou macarrão e atum, que foi a base da nossa alimentação por lá. O mercado mais próximo ficava em uma vila a 45 minutos a pé do camping, o qual fomos lá apenas uma vez para carregar as baterias e comprar mais comida . O sol predominava durante o dia com um calor que lembrava o nosso verão, mas a noite o frio entrava em cena e a fogueira ganhava vida para prepararmos nossa janta e dar mais risadas.
O lugar é incrível, uma paisagem dos sonhos, pinheiros em meio da natureza com o verde mais vivo que já vi e uma esquerda perfeita quebrando em frente a todo esse paraíso. A felicidade de compartilhar esse momento com meus amigos foi algo único e inesquecível.
Foi quase uma semana, surfando, buscando lenha e fazendo o possível para sobreviver comendo muito atum. Era como se estivéssemos no filme Na Natureza Selvagem, o meio urbano estava longe e o único som que se ouvia era o do vento e das ondulações quebrando no fundo raso de areia.
Como toda trip sempre tem um perrengue, nessa não foi diferente. Na volta para Pichilemu o carro de Conejo que segundo ele não dava problemas fazia anos, quebrou justamente quando nós estávamos em uma das subidas íngremes que completam o caminho. O eixo da roda direita frontal do carro quebrou em um dos buracos devido a força que carro tava fazendo para subir.
Todos saíram do carro se perguntando: E agora, o que fazer? O povoado mais próximo ficava a uns 40 minutos andando, então eu e o Rafa fomos até lá ver se alguém poderia nos ajudar, caso contrário teríamos que nos instalar em barracas perto do carro e esperar até o outro dia pelo pai de Conejo com o guincho. Fomos na pequena vila procurar por ajuda, e de boca em boca chegamos a casa de um mecânico. Por coincidência ele também era dono de uma venda pequena que compramos comida dias atrás. Embarcamos em sua camionete e seguimos em direção ao carro quebrado. Chegando lá o Caetano tinha conseguido colocar de novo o eixo no lugar, ainda não entendo como isso deu certo, só sei que fez a gente chegar na pousada novamente.
No caminho de volta o sol estava se pondo, deixando o céu com um laranja avermelhado intenso enquanto conversávamos cansados no carro. Um lugar que vai ficar para sempre na memória, aproveitamos cada minuto intensamente. Espero um dia voltar nesse paraíso de água gelada que me fez sentir o melhor que a vida pode nos proporcionar, a liberdade!
Texto do meu amigo Petterson Thomaz: http://www.handbaggage-blog.com/
Nosso acampamento
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